Mudança no FGTS e seus impactos
O STF decidiu manter a remuneração do FGTS em TR + 3% ao ano, com um piso atrelado à inflação pelo IPCA, garantindo estabilidade nas taxas de juros imobiliárias e melhor proteção contra a inflação para os cotistas, beneficiando especialmente o setor de construção civil de habitação popular.
Vitor Mathias, CFP®
6/15/20242 min leer


Contexto: Na última quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) tomou uma decisão importante sobre a remuneração das contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Esta decisão tem implicações diretas para o setor da construção civil, especialmente no que diz respeito ao financiamento de habitação popular.
Relação entre FGTS e Construção Civil:
O FGTS destina uma parte significativa de seu orçamento para financiar habitação popular, oferecendo taxas de juros subsidiadas, ou seja, mais baixas que as do mercado.
O lucro do FGTS vem da diferença entre a taxa de remuneração dos cotistas (quem tem conta no FGTS) e a taxa aplicada nos financiamentos imobiliários. Esse lucro é então distribuído aos cotistas.
Decisão do STF:
Taxa de Remuneração Atual: A taxa de remuneração dos cotistas do FGTS foi mantida em TR + 3% ao ano, mais 100% da distribuição dos lucros do fundo.
Novo Índice: A decisão incluiu uma cláusula que exige que a remuneração mínima do FGTS seja pelo menos igual ao índice de inflação IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Impactos para o Setor da Construção Civil:
Estabilidade das Taxas de Juros: A manutenção da taxa atual e a vinculação ao IPCA são vistas como positivas, pois reduzem o risco de aumento das taxas de juros imobiliárias.
Demanda por Habitação Popular: Com as taxas de juros subsidiadas e a alta demanda por habitação popular, o setor de construção civil para baixa renda deve continuar crescendo.
Cenário Econômico: O cenário atual é muito favorável para construtoras de baixa renda devido à combinação de alta demanda e financiamento acessível.
Impactos para Quem Possui Saldo no FGTS:
Melhor Remuneração: Para os cotistas, a decisão é benéfica pois garante que a remuneração do FGTS seja no mínimo igual à inflação medida pelo IPCA, evitando que o saldo perca valor real ao longo do tempo.
Proteção Contra Inflação: Em períodos de inflação alta, o novo índice de remuneração protege melhor o poder de compra dos cotistas, garantindo um retorno mais justo sobre o saldo do FGTS.[
Riscos e Mitigações:
Inflação Alta: Em casos de inflação alta, o IPCA pode ultrapassar a média de remuneração histórica do FGTS (6.1% ao ano), o que poderia impactar negativamente o setor.
Compensação: O STF definiu que, em cenários de alta inflação, deve haver uma compensação de remuneração, a ser decidida pelo Conselho Curador do FGTS. Este conselho tem historicamente mostrado foco no suporte ao setor de construção civil, o que pode mitigar impactos negativos.
Conclusão: A decisão do STF é positiva para o setor da construção civil, especialmente para o segmento de habitação popular, pois mantém as taxas de juros estáveis e acessíveis. Para os cotistas do FGTS, a remuneração atrelada ao IPCA garante uma melhor proteção do saldo contra a inflação. A atenção agora se volta para a atuação do Conselho Curador do FGTS em eventuais cenários de alta inflação, que poderá tomar medidas para proteger o setor e garantir uma remuneração justa aos cotistas.